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Como, porém, se diz o ente e o não ente, de um lado, segundo as figuras das predicações, de outro, segundo potência ou realização destas [1051a] ou seus contrários, também se diz o ente, sendo o sentido principal, como verdadeiro ou falso, o qual, porém, é, nas coisas, o serem reunidas ou serem separadas, de modo que desvela a verdade o que considera ser separado o que está separado e ser reunido o que está reunido, falseia porém [5] aquele que se mantém contrariamente às coisas. - Quando é ou não é o que é dito verdadeiro ou falso? Deve-se, pois, investigar o que dizemos com isto. Pois não é por seres por nós verdadeiramente considerado branco que tu és branco, mas por tu seres branco é que nós, dizendo isto, desvelamos a verdade. Se, de fato, por um lado, há aquilo que sempre está reunido e é [10] impossível de ser separado, e ainda o que está sempre separado e é impossível de ser reunido; por outro lado, há o que permite os contrários, nestes, enquanto o ser é o estar reunido e ser um, o não ser é o não estar reunido mas ser múltiplo. De fato, acerca daquilo que admite os contrários, a mesma opinião torna-se verdadeira e também torna-se falsa como também [15] o mesmo discurso, e assim admite ora desvelar a verdade, ora falseá-la. Mas, acerca do que não pode ter outro modo, este não se torna ora verdadeiro ora falso, mas sempre se mantém, seja como verdadeiro, seja como falso. Acerca das coisas incompostas, porém, o que é ''ser'' ou ''não ser'' e ''o verdadeiro'' e ''o falso''? Pois já que não é composto para, de um lado, ser quando está reunido, de outro lado, não ser quando esteja [20] separado, assim como o branco está reunido à madeira, ou a incomensurabilidade ao diâmetro, tampouco o verdadeiro e o falso ainda estruturar-se-ão como naquele. Como, neste caso, nem o verdadeiro estrutura-se do mesmo modo, e tampouco o ser, eis como nele é o verdadeiro ou falso : por um lado, o captar e dizer é verdadeiro (pois [25] afirmação não é o mesmo que enunciação), por outro lado ignorar é não captar, pois não há enganar-se acerca do que é, mas, sim, do que coincide com o que é - e, de modo semelhante, também acerca das entidades não compostas não há, portanto, como enganar-se, e todas estão em realização, não em potência, pois senão, geravam-se e corrompiam-se; agora, porém,
30 este mesmo [o que é] não se gera nem se corrompe, pois se geraria de algo. Assim, de fato, é como acontece para haver algo e para realizações, acerca desses não há enganar-se, mas apenas intuir ou não; contudo, acerca deles, procura-se o que cada um é, se é tal coisa ou não). Quanto ao ser como sendo o verdadeiro, e o não ser como sendo o falso, um é verdadeiro, se está [35] reunido, outro, se não está reunido, é falso. Quanto ao uno, sendo um ente, é [1051b] de um certo modo, mas se não é de algum modo, não existe. Quanto ao verdadeiro, consiste em intuí-las [as coisas não compostas]; quanto ao falso, nelas não existe, nem tampouco engano, há apenas ignorância, mas não como a da cegueira: pois a cegueira é como se alguém não possuisse absolutamente a capacidade de intuir e pensar. É claro, também, que [5] acerca das coisas imóveis, se alguém as supõe imóveis, não haverá engano eventual. Como, por exemplo, se considera-se que um triângulo não se altera, não considerar-se-á que ora tem dois ângulos retos [180graus] ora não (pois se alteraria); mas algum [em particular] pode ser e algum outro não, como, por exemplo, número par [em conjunto] não pode ser primeiro, ou melhor: alguns [particulares] sim e outros não. Mas, acerca dos que são
[10] em número de um [os particulares] nem isto, pois alguém não há de considerar nestes, de uma vez, que algo sim, porém, algo não, mas, sempre desvelará a verdade ou falseará mantendo-se assim.